E aí galera, aqui é a Ame! Hoje vou falar sobre o temido (e delicioso) gênero Yaoi.



O que é Yaoi?

Quem está situado com a cultura asiática com certeza já ouviu esse termo polêmico, mas aqui vai uma breve explicação para os leigos: Yaoi é um gênero romântico de anime e mangá que tem como tema a relação homossexual.
Na verdade o termo correto é Boys Love ou BL, é assim que é mais conhecido no Japão, sendo o nome Yaoi uma maneira pejorativa de tratar o gênero. Entretanto aqui no ocidente chamamos de Yaoi e consideramos o Shonen-ai uma ramificação do Yaoi.
O mais curioso e surpreendente do Yaoi é que ao contrário do que muitos pensam, o público alvo não é o homossexual, e sim o feminino.
"Feito por mulheres para mulheres", será muito difícil encontrar autores masculinos e ainda mais leitores masculinos. Isso se dá pela característica mais forte do BL ser sua relação com o shoujo.
As histórias são extremamente parecidas com um shoujo normal ( Shoujo são mangás feitos para garotas geralmente com temáticas românticas) muitas vezes seguindo até seus clichês, a única diferença é que ao invés de uma menina e um menino, teremos dois meninos se relacionando.
A semelhança com o shoujo aumenta quando reparamos que a maiorias dos BLs possui um personagem ativo e um passivo, o que é diferente de uma relação homoafetiva na vida real, em que nenhum dos dois é necessariamente ativo ou passivo. Aqui teremos um personagem extremamente afeminado, muitas vezes age como uma garota, tem porte pequeno e feições femininas e seu parceiro é um homem grande, forte e bem masculino. Ou seja, seria hétero se não fosse pelo presentinho entre as pernas.



Um pouquinho de história...

Antes do período Meiji ( quando o Japão abriu suas fronteiras para outros países) houve a era Edo (1600-1868), período marcado pela filosofia samurai. Uma das práticas mais comuns entre samurais e ronins era o homossexualismo. São diversos os relatos de daimyos que possuíam parceiros do mesmo sexo, sendo que na maioria dos casos mulheres eram mantidas apenas para procriar. Saikaku Ihara escreveu contos que descreviam essas relações na época, responsável por contos eróticos sobre homossexualismo entre guerreiros, nobres, atores e até monges.
Isso é bem retratado no filme Tabu de 1999, dirigido por Nagisa Oshima. 
Após esse período o assunto adormeceu por três séculos, voltando apenas no século XX como Yukio Mishima, entretanto o homossexualismo era tratado apenas superficialmente.
Apenas na década de 70 o assunto ganhou destaques, mas agora sobre uma perspectiva feminina.
Com o surgimento do gênero de mangá de anime shoujo criado por Osamu Tezuka com " A Princesa e o Cavaleiro", as mulheres começaram a se aventurar nesse mundo.
O primeiro grupo de mangakás a escrever shoujo formado exclusivamente por mulheres foi o 24nem Gumi. Revolucionaram o mercado, trazendo aos mangás uma característica mais humana e sentimental. Dentre essas mulheres estavam Hagio Moto e Takemiya Keiko, as "mães" do shonen-ai (shonen= garotos; ai=amor). Elas escreveram histórias que se passavam em internatos masculinos no final do século XIX na Europa. Retratava um belo e doce romance entre dois garotos.
A verdadeira responsável por alcunharem o gênero de Yaoi foram outras duas mulheres, Yasuko Sakata e Akiko Hatsu, com o termo "Yama nashi, Ochi nashi, Imi nashi" traduzindo " sem clímax, sem objetivo, sem significado". Isso porque as histórias buscavam retratar sensibilidade e uma nova forma de amor, e elas não tinha limites. Sempre chegando aos finalmentes! (if you know what i mean)
A maior parte do Yaoi era doujinshis (ou dojinshi), histórias feitas por fãs de personagens conhecidos colocando-os em novas situações. Não interessando se é coerente com a história original.
Hoje o gênero foi inovado com o Yuri, retratando o amor entre duas garotas. Ainda objetiva o público feminino mas também atrai os olhares masculinos (porque será hein...)


Por que garotas gostam de Yaoi?

 Os homens passaram muito tempo da vida deles tentando responder essa pergunta tão enigmática. Mas a resposta é mais simples do que parece.
Muitos pensam que gostamos de Yaoi por uma espécie de fantasia sexual, mas não é nada disso. Realmente existem garotas que tem fantasias sexuais com homossexualismo, assim como muitos homem ficam excitados ao ver lésbicas fazendo "coisas". Mas isso já não é Yaoi. Esta mais relacionado ao fascínio e a estética, a maiorias dos BLs tem traços muito bonitos e delicados, e os personagens são cativantes assim como a história geralmente tem todo um ar de "fofura" e beleza. As histórias quase sempre seguem a linha shoujo de falar de um amor puro e verdadeiro.
A verdade é que garotas gostam de caras com quem podem se relacionar, gostamos de homens bonitos, sensíveis e românticos que entendam nossos sentimentos, sejam fofos e ao mesmo tempo protetores e seguros de si. Agora multiplique isso por dois. Essa é a fórmula do yaoi. Temos um uke (passivo) que é sensível, fofo, compreensivo e do outro lado temo o seme (ativo), que é forte, protetor e dominante. Junte-os e terá o homem perfeito. Gostamos de yaoi porque nos identificamos com os personagens e gostamos dessa "perfeição".



O Pré-conceito e as Fujoshis


Assim como o homossexualismo enfrenta uma grande batalha contra o preconceito, não poderia ser diferente do Yaoi.  A verdade é que o gênero não sofre tanto preconceito em sua terra de origem, apesar do Japão ser um país de extrema tradicionalidade o mercado foi bem receptivo a essa polêmica. Mas o verdadeiro preconceito está aqui no ocidente. Podemos observar isso simplesmente no mercado de mangás, a única obra dita "shonen-ai" já publicada no Brasil foi Gravitation.
O fato é que as pessoas são ignorantes e falam mal sem antes conhecer, afinal quantas fãs de yaoi já não foram censuradas pelo namorado? E obviamente não podemos falar nada quando eles apreciam cenas de duas mulheres se pegando na lama.
Ver yaoi não faz de ninguém gay, e se fizer, qual o problema disso? Precisamos abrir a mente para esses diversos tipos de arte.
Fujoshi é um nome pejorativo dado as fãs, não levamos ele muito a sério e até nos auto-intitulamos fujoshis. Mas ser chamado de fujoshi também é um tipo de preconceito já que a palavra significa "garota podre" ou "garota corrompida". Por que somos podres? Por que somos corrompidas? Gostar de ler ou assistir uma história sensível de amor ( mesmo que homossexual) nos torna sujas?
Claro que não. Somos fãs de algo como qualquer outro. Não somos tão diferentes das pessoas normais.






Isso é tudo por hoje pessoal, até a próxima! o/
Ame